Dia 333 de 365
Leitura do dia:
Ezequiel 46: Ritos e ofertas
Ezequiel 47: Rio vivificante, fronteiras
Ezequiel 48: Divisão final da terra
Introdução:
Os capítulos finais do livro de Ezequiel (46-48) concluem a visão detalhada do novo templo e da terra restaurada de Israel. Eles descrevem a ordem dos sacrifícios e a adoração no templo (Cap. 46), a transformação da terra pelo rio que flui do santuário e os limites geográficos do novo Israel (Cap. 47), e a divisão final e justa do território entre as doze tribos, culminando com o nome glorioso da cidade: "O Senhor Está Ali" (Cap. 48). Essa seção enfatiza a santidade, a ordem divina e a presença permanente de Deus em meio ao seu povo restaurado.
Resumo:
Ezequiel 46:
Este capítulo estabelece as regulamentações para o Príncipe (governador civil) em relação ao templo e aos sacrifícios. Ele detalha os horários e a maneira pela qual o portão oriental interno do pátio será aberto e fechado, principalmente nos sábados e nas festas da lua nova, enfatizando a adoração regular. O Príncipe deve entrar e sair por um portão específico e fornecer os holocaustos e ofertas de cereais necessários. O capítulo também especifica a proibição de o Príncipe tomar a herança do povo, garantindo que a justiça seja mantida e que as porções de terra sejam permanentemente das famílias a que pertencem, bem como as áreas destinadas ao cozimento das ofertas pelos sacerdotes e levitas.
Ezequiel 47:
A visão se move para um elemento de vida e restauração: o rio que flui da porta sul do templo. O volume de água aumenta progressivamente, passando de águas que tocam o tornozelo, joelho e lombo, até se tornar um rio que não pode ser atravessado a pé. Este rio, que segue para o leste, deságua no Mar Morto (ou Mar Salgado), curando suas águas salgadas e estéreis, tornando-as cheias de peixes e trazendo vida e folhagem abundante (árvores frutíferas) às suas margens. A visão simboliza a bênção, cura e fertilidade que emanam da presença de Deus em seu santuário. A última parte do capítulo define as fronteiras norte, sul, leste e oeste do território de Israel restaurado, deixando claro que os estrangeiros que vivem no meio do povo e têm filhos também receberão herança.
Ezequiel 48:
O capítulo final descreve a divisão definitiva e sistemática da terra. O território é dividido em doze porções horizontais iguais para as doze tribos (Dã, Aser, Naftali, Manassés, Efraim, Rúben, Gade e, no sul, Simeão, Issacar, Zebulom, Gade e Benjamim), dispostas de norte a sul. No meio, uma porção especial e santificada, chamada de "A Oferta Santa", é reservada: uma para os sacerdotes (os filhos de Zadoque), uma para os levitas e uma para a cidade (incluindo o templo). O restante, a oeste e a leste da Oferta Santa, é designado ao Príncipe. A cidade santa no meio da Oferta tem uma planta quadrada, com doze portões, três em cada lado, nomeados com os nomes das doze tribos de Israel. O clímax do livro é o nome dado à cidade: Yahweh Shammah, que significa "O Senhor Está Ali".
Aplicação para os dias atuais
A visão de Ezequiel 46-48, embora descreva um templo e um sistema de culto que foram substituídos pela Nova Aliança em Cristo, aponta para realidades espirituais eternas. A ordem nos sacrifícios (Cap. 46) nos lembra da necessidade de disciplina e regularidade na nossa adoração e serviço a Deus. O rio que flui do templo (Cap. 47) simboliza o Espírito Santo e a vida que emana de Cristo, o verdadeiro templo. Assim como o rio trouxe cura e vida ao Mar Morto, a presença de Deus em nossas vidas e através de nós deve ser uma fonte de cura, renovação e frutificação para um mundo espiritualmente estéril. A divisão da terra e o nome final da cidade (Cap. 48) nos asseguram que a nossa herança e destino final não dependem de mérito humano, mas da presença justa, santa e permanente de Deus em nosso meio (Yahweh Shammah), um prenúncio da Nova Jerusalém, onde Deus habita com seu povo para sempre.
Reflexão:
Estes capítulos finais são uma declaração profunda da soberania e fidelidade de Deus. A visão do templo e da terra restaurada não é apenas uma promessa de retorno físico, mas uma planta arquitetônica para uma vida dedicada à santidade e ordem divina. O detalhe nos ritos e na divisão do território atesta a importância que Deus dá à justiça, à separação e à Sua centralidade em toda a vida do seu povo. A imagem mais poderosa é o rio da vida, que transforma o deserto em jardim, e a conclusão com o nome "O Senhor Está Ali", que resume toda a esperança profética: a restauração completa é a garantia da presença ininterrupta e gloriosa de Deus, que é a fonte de toda vida, ordem e herança verdadeira para o seu povo.


